Justiça autoriza cultivo de cannabis para fins medicinais

17 de dezembro de 2024

Um homem de quase 60 anos, que por mais de três décadas tentou tratar ansiedade, depressão e distúrbios de sono com medicamentos tradicionais sem sucesso, conseguiu recentemente autorização judicial para cultivar cannabis de forma doméstica e legal no Brasil, para fins de extração de canabidiol (CBD). A decisão é resultado de uma trajetória que combinou esforços pessoais, suporte médico e jurídico, e reforça o debate sobre a acessibilidade e a eficácia de tratamentos alternativos.

De acordo com o advogado Dr. Everton Seidler, especialista em Direito do Cannabis, que acompanhou o caso, o cliente começou a investigar o uso medicinal do canabidiol após enfrentar anos de insatisfação e frustrações com os tratamentos convencionais. “Ele buscou o laudo médico e obteve a prescrição do canabidiol, mas logo enfrentou a barreira do alto custo para importar o produto regularmente. Isso o levou a considerar o plantio doméstico como alternativa viável”, explica o advogado.

Para iniciar o processo, o cliente realizou cursos sobre o cultivo e a extração artesanal do canabidiol e seguiu os trâmites necessários para obter um plano de cultivo junto aos órgãos responsáveis. “Com toda a documentação em mãos, ingressamos com um pedido de habeas corpus para assegurar o direito ao cultivo. Recentemente, obtivemos uma decisão definitiva que autoriza o plantio de até 81 plantas por ano, divididas em três ciclos”, detalha o Dr. Seidler.

Segundo o especialista, a decisão é significativa não apenas para o cliente, mas também para o avanço do debate sobre o uso medicinal da cannabis no Brasil. “Esse caso mostra que, para muitas pessoas, o canabidiol é uma alternativa terapêutica segura e eficaz, mas que ainda enfrenta desafios regulatórios e de acessibilidade. A judicialização tem sido, infelizmente, o caminho para garantir o direito de acesso ao tratamento”, observa.

Atualmente, o cliente consegue produzir o próprio medicamento de forma legal, com controle e segurança. “É importante destacar o impacto positivo na qualidade de vida dessa pessoa, que agora tem autonomia sobre seu tratamento, sem os custos elevados de importação”, afirma Dr. Seidler.

O caso ilustra um panorama crescente de pacientes que recorrem ao judiciário para acessar tratamentos com canabidiol, enquanto o país ainda avança em discussões legislativas e regulamentares sobre o tema.